domingo, 24 de março de 2013

A lição de casa do Caio


Ainda essa semana, pensei em escrever para a professora do meu filho sobre o volume de lição de casa. É sempre um momento tenso a hora do dever. Então, hoje, enquanto eu procurava "20 palavras com CR" encontrei a seguinte matéria no Diário de São Paulo de 10 de março desse ano: "Lição de casa sem drama", onde um quadro em destaque com o título "Dicas da Pedagoga" diz que:"Crianças de até 8 anos devem ficar meia hora estudando todo dia. Sem pausa..."
Não questiono a necessidade do meu filho praticar a escrita e a leitura. Mas também acho que, para uma criança de 6 anos, o fato dele poder ler qualquer texto já é motivo de comemoração. Ele tem dificuldades com as interpretações.
A matéria do jornal é superficial (no sentido de que não é possível em uma folha de jornal esgotar o assunto) mas sinaliza que os meus questionamentos não são tão infundados assim.
A lição de casa em questão, além de pedir para recortar, colar e copiar as 20 palavras que eu já citei, também incluía fazer o cabeçalho, um exercício de separação silábica, ler um texto e 3 exercícios de interpretação. Essa parte, no caderno de casa. Na pasta de leitura, veio o livro "Cinderela" para leitura, resenha e um desenho. E em uma folha à parte, um exercício de separação de palavras que contenham determinada sílaba e outro para formar frases.

Comecei o colegial fazendo magistério (numa época em que Pedagogia não era pré-requisito para lecionar para alunos de 1ªs à 4ªs séries). Na época, os trabalhos que mais me marcaram foram os que eu consegui integrar a assimilação de conteúdo com jogos, brincadeiras, ou seja, de uma forma lúdica. Uma das minhas lembranças preferidas foi o jogo da memória onde uma carta (feita de color set preto e xerox das imagens) continha a palavra em inglês e a outra em português. Todos os elementos para o aprendizado estavam ali. A imagem, a escrita em inglês e o significado. 
Recentemente, na minha licença-maternidade, uma ex-vizinha, sabendo que eu já tinha estudado e estagiado como professora, me pediu que eu ajudasse seu filho com algumas matérias. 
Nossos dias mais produtivos foram os que eu consegui adaptar suas necessidades a um exercício que parecesse uma brincadeira. Como sua dificuldade para ditados. Eu desenhava na lousa e ele tinha que me dar a resposta de forma escrita corretamente em um tempo determinado. Não deixou de ser um ditado mas parecia um jogo.
Estudar não deve ser chato, não deve ser "a obrigação". Principalmente nessa fase.
Até mesmo no curso de Economia existem professores (meus e da USP Ribeirão) desenvolvendo um "jogo", uma simulação de pregão com o objetivo demonstrar conceitos básicos como preço de equilíbrio, restrição orçamentária, oferta, demanda,...
Não sou especialista no assunto mas também não me acho totalmente leiga.
Tenho noção que vou quase na contramão das mães de filhos em escola pública, onde parte das reclamações, é que as crianças "passam de ano" sem serem alfabetizadas. Mas acho que nesse assunto qualquer exagero é prejudicial.
Vamos ver como as coisas se desenrolam...

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